Os "patos" que Michael "pagou"

Há um velho ditado que diz "papagaio come milho, periquito leva a fama".
Quando a fama é boa, tudo bem... Mas e quando é má?...

Várias vezes na vida de Michael, ele levou a fama, ou melhor, a culpa por decisões tomadas por outras pessoas, ou por coisas que ele não queria fazer mas foi convencido por alguém a fazer.

Já contei a história da "Turnê da Vitória" e aquele foi apenas um dos vários casos em que Michael "pagou o pato" por idéias dos outros.

Eis alguns dos outros casos semelhantes:

- Em 1988/89 Michael se viu envolvido em mais uma "loucura" familiar. Ele havia se afastado dos parentes pra viver em paz em Neverland, mas nem assim teve o sossego que procurava. Seus irmãos, comandados mais uma vez pelo pai, Joseph (Joe) Jackson haviam aceito uma proposta pra fazerem uns shows na Coréa, com o patrocínio do Reverendo Sun Myung Moon (mais conhecido apenas como Reverendo Moon), da Igreja da Unificação, instituição tão rica e polêmica quanto a Igreja Universal do Reino de Deus. Mas havia uma condição primordial pra que os irmãos fossem contratados: Michael teria que ir. Sem o Rei do Pop, adeus contrato milionário!

Lá foram os Jacksons mais uma vez na sua árdua tarefa de convencer Michael a se apresentar junto com eles. Michael havia dito algumas palavras de despedida, ao final do útimo show da "Turnê da Vitória", em dezembro de 1984. Mas estava mais uma vez sendo colocado contra a parede pela família, que dessa vez contavam com o empenho dos promotores do evento que prometiam prêmios pra quem conseguisse fazer Michael Jackson assinar o contrato. Deram presentes a Michael, inclusive um carro!

Como sempre, Katherine Jackson foi recrutada pra conversar com o filho mais famoso e trazê-lo pra junto da família nessa nova e milionário empreitada. Mas dessa vez Michael parecia irredutúvel. Mesmo sendo pressionado por todos os lados ele resistiu o quanto pôde. Além dos pais e irmãos ligando pra ele a toda hora, ele também teve que aturar cenas ridículas com os promotores do evento se atirando aos seus pés e até chorando!

Um milhão foi oferecido a quem convencesse Michael a participar. Katherine recebeu o dinheiro já que todos acreditavam que só ela conseguiria fazer o filho mudar de idéia. Mas ela, mulher religiosa e honesta, guardou o dinheiro sem contar ao marido que estava com a quantia com medo de que ele começasse a gastá-lo por atencipação. Como ela não conseguiu convencer o filho, devolveu o dinheiro. Joseph ficou uma fera quando soube!

Mas a pressão em cima de Michael não parou. Até que em junho de 1989, ele não aguentou mais:

"Não aguento nem mais um segundo. Essa gente vai me deixar louco se não conseguir o que quer. Então vamos fazer os shows de uma vez e acabar com isso. Estou fazendo isso por Katherine."

E assim, Michael assinou o contrato pra participar daquele que estava sendo chamado de "Projeto Jackson-Moonistas". Ninguém ganhou a recompensa de um milhão porque no fim das contas, Michael havia tomado sozinho a decisão de participar. Ele cedeu à pressão e por isso, John Branca (seu fiél advogado e escudeiro) disse que quem merecia ter ficado com o dinheiro era o próprio Michael. Seria justo.

Mas o projeto acabou indo por água abaixo porque o Reverendo Moon resolveu achar que a quantia que iria pagar era alta demais e começou a "regatear" o valor. Também queria de volta todos os presentes dados a Michael, mais seus parentes e assistentes. Claro que ninguém concordou, afinal ninguém havia pedido presente algum! E os shows simplesmente não aconteceram.

Michael acabou sendo processado com o resto da família pelo Reverendo Moon e sua máfia, sendo que ele nem ao menos queria participar do projeto!

Michael desabafou sobre o assunto, na época:

"Nem sei como tudo isso aconteceu, ou como eu acabei me envolvendo. Só sei que eu dizia não, não não, NÃO. Mas minha família não aceitava esse não. Veja o que aconteceu. Tudo aquilo me deu nojo. NOJO."

- A imprensa e a opinião pública durante muito tempo acusou Michael de clarear sua pele com algum produto. Mais uma vez ele fora convencido a fazer alguma coisa por outra pessoa. Desde que descobriu que estava com vitiligo, no começo dos anos 80, Michael procurava igualar sua pele com maquiagem. Até que em 1990, seu dermatologista Dr. Arnold Klein o convenceu de que ele, já com pouquíssimas partes do corpo escuras, precisava atenuar o contraste em sua pele com um creme clareador, chamado benoquin (já que naquela época ainda não havia o tratamento que há hoje em dia, pra reverter o efeito da doença e fazer a pigmentação original retornar). Michael aceitou, mas depois de anos e anos improvisando com maquiagem. Mais uma vez, ele foi acusado por uma idéia que não foi dele e por ter feito isso não por necessidade (como de fato foi), mas por simplesmente querer ser branco!

- Quando foi acusado pela primeira vez de pedofilia, em 1993, por Jordie Chandler, Michael só queria que o julgamento acontecesse logo pra ser ver livre da situação. Ele tinha consciência de sua total inocência e sabia que não teria como provarem algo contra ele. Na verdade ele fora vítima de extorção e não queria dar nem um centavo sequer aos seus acusadores (Jordie e seu desonesto pai). Quando um de seus advogados tentou adiar por mais alguns anos o julgamento Michael ficou furioso! Ele não queria adiar aquilo nem por mais um minuto.

Mas Michael estava fraco, cansado (ele estava realizando a segunda etapada da turnê "Dangerous"), doente e já dependente de remédios. Além de estar sofrendo emocionalmente por causa do duro golpe que foi ser traído pela família Chandler, a quem ele sempre dedicara todo seu afeto. Desde o começo dessa história todas as pessoas ligadas a ele, inclusive seus acessores, advogados, familiares, além da amiga Elizabeth Taylor e da namorada Lisa Marie Presley, achavam que Michael deveria encerrar logo a questão dando a eles o que queriam: 20 milhões de dólares. Mas Michael não queria fazer isso.

Exausto, depois de passar mal várias vezes e cancelar vários shows, Michael passou por tratamento de desintoxicação e por uma terapia na clínica que ficara internado. Saiu de lá disposto a dar um fim na história e seguir com sua vida. Queria se casar com Lisa e ter uma chance de ser feliz. Depois de todo tormento pelo qual passou, e sabendo que o processoa poderia se extenter por anos sem a garantia de que a justiça seria feita, finalmente, em janeiro de 1994, após ter ganho de Elizabeth Taylor uma bela festa de Natal, Michael fechou com os Chandler um sigiloso e milionário acordo. E assim, a família não formalizou nenhuma das acusações, encerrando o processo.

Michael comentou o assunto em entrevista ao jornalista e biógrafo J. Randy Taraborrelli:

"Muitos danos já foram causados a todos os envolvidos. Eu não ligo para o que as pessoas pensam. Eu sei a verdade. Quem já passou por algo assim sabe que você faz qualquer coisa para acabar com isso.

Várias pessoas estão tentando me ferir e me constranger. Eu nunca imaginei que fosse dar na confusão que deu. Eu jamais machucaria uma criança, e qualquer criança que tenha sido minha amiga sabe disso. Eu nunca, jamais magoaria qualquer criança neste planeta."

E acrescentou, apaixonadamente:

"Eu quero continuar a minha vida. Quero fazer discos. Quero cantar. Quero fazer shows novamente. Diga aos meus fãs que eu tenho absoluta confiança que eles me julgarão no palco e no estúdio de gravação, como sempre fizeram. Não acredito que este pesadelo atrapalhará a minha carreira porque eu passei muitos anos desenvolvendo minha relação com os fãs. Eles devem saber que sim, eu dei dinheiro. E daí? Mas não, eu não sou culpado. Não fiz nada de errado."

Quando perguntado por Taraborrelli sobre a opinião pública em geral (tirando os fãs), ele respondeu de maneira direta:

"É o meu talento. Meu árduo trabalho. Minha vida. Minha decisão".

Mas mais uma vez a opinião pública culpou Michael por uma decisão que ele relutou tanto em tomar e o acusou de comprar o silêncio do acusador. Mas essas pessoas não perceberam que, se Michael quisesse, poderia ter negociado com eles desde o começo como todos em seu redor queriam que ele fizesse. Assim teria evitado todo o sofrimento e as grandes humilhações que teve que suportar. Michael sempre foi honeto e aguentou tudo enquanto pôde.

- Quando se casou com Lisa Marie, Michael queria manter o casamento em sigilo pelo máximo tempo possível pra preservar a privacidade dos dois. Mas Lisa achava que deveriam dar uma satisfação ao público e enviou um pequeno comunicado à imprensa. É engraçado que a imprensa e parte do público tenham visto aquele casamento como uma farsa ou um golpe publicitário sendo que eles se casaram em segredo, e sem a cerimônia bela e romântica com muitos convidados, com a qual Michael sempre sonhara! De novo: Michael quis PRESERVAR sua privacidade e foi acusado do contrário!

Como esses, existem muitosss outros casos em que nosso Rei do Pop foi vítima de injustiças por parte da imprensa e do público em geral por ter feito algo que na verdade foi idéia de outra pessoa, e não dele próprio!...